Jovem e Globalidade
Perspectivas em relação as novas Tecnologias
Muitos pais e especialistas estão preocupados com o aumento do tempo em que os jovens estão passando em frente do computador, mais precisamente, conectados à Internet. Como sempre, essa história pode se desenrolar por dois ou mais caminhos diferentes ou por vários pontos de vista.
Como diziam nossos avós: "Tudo o que é demais faz mal". Podemos aplicar essa máxima em forma de clichê para a geração Play & Net ou geração Zapping. Devemos considerar que os processos de construção do ser humano se dão por intermédio de relações pessoais, no touch-a-touch, e não somente por uma tela de computador / televisão. Entretanto devemos perceber que a tecnologia, principalmente a midiática, incluindo videogame, televisão e Internet, não são fenômenos apocalípticos ou qualquer coisa que o valha. Reduzir toda a discussão ao maniqueísmo é uma falta de visão e uma vontade de ficar alheio aos novos destinos.
Para discutirmos esse assunto, devemos dar uma olhada rápida no conceito de globalidade. Ora, o que seria a globalidade senão todos os agentes de transformação e construção externos (e internos) do ser. Incluem-se nesses agentes a família: os círculos sociais, a mídia, a escola, o rádio, a rua, as tecnologias, e tudo o que é de certa forma maior ou toma proporções maiores que o individuo. O próprio indivíduo também está incluso na globalidade pessoal, pois faz parte dela. E Sendo parte da globalidade, ele faz parte da sua própria construção. Doravante, o indivíduo não é um ser passivo que recebe somente o que a ele é enviado, pelo contrário, ele é um movimento ativo de afirmações e negações, onde se constroem a subjetividade e a realidade enquanto íntima.
Observemos que a criação e o uso de tecnologias se confunde com o próprio ser humano. Tecnologia como uma forma artificial de modificar, transformar e interagir com a natureza, com o ambiente, consigo mesmo e com o próximo. E não é de se estranhar que o indivíduo ao se deparar com uma nova tecnologia se toma imerso num sentimento de medo ou de fascínio. Natural. O medo e a curiosidade fazem parte de toda criação, pois há nela o princípio antagônico e dialético de criação e destruição.
Retomemos o foco principal: O Jovem. O grande problema aqui é reduzir um tanto a discussão que ela se torne improdutiva, entretanto, as veredas no qual o debate pode se desenrolar toma uma infinitude imensurável.
Como dissemos o jovem chega até uma tecnologia midiática já tendo toda uma razão construída pela globalidade. Podemos até arriscar que ele a fruirá, em primeiro momento, de acordo com todo o repertório que fora formado pela chamada globalidade. Um jovem ao chegar na frente de um computador, provavelmente já saberá ler e escrever, tendo sua capacidade cognitiva e icônica já formada, nos moldes advindos da globalidade. A tecnologia em questão, só retoma um processo que já estava encaminhada, remodelando e transformando de acordo com sua realidade enquanto tecnologia. Contudo não podemos reduzir ao ponto de exclamar que a tecnologia midiática não pode subverter ou perverter a razão do indivíduo ou então de construir novas perspectivas, benéficas ou funestas. Esta pode sim e com bastante propriedade.
Tomando com partida que o computador, geralmente conectado ao ciberespaço pela Internet, é um dispositivo ou uma tecnologia midiática, embora muito diferente das outras mídias, podemos afirmar que o jovem chegará a essa realidade com uma "cabeça formada", como popularmente é dito.
Aqui entra o ponto central da discussão: Qual caminho? É boa ou ruim? Faz bem ou mal? É mania do ser humano tentar atribuir um juízo maior a um dos lados dos combatentes. Sigamos então por uma visão levemente positiva dos fenômenos, mas sem perder o olhar crítico do processo.
Sempre acabamos por acostumar com os fatos que nos rodeiam. Até algum tempo atrás seria inadmissível, por exemplo, que um jovem freqüentasse certos locais, como uma boate ou uma danceteria ou então, até mesmo que esses lugares existissem. Aquilo que é novo na sociedade, quando gera um embate entre juízos de valores e ojeriza, em geral a envolve e a domina de forma silenciosa, acabando por criar uma película cegante. Não que frequentar danceteria seja certo ou errado. A questão mora sobre a razão de afirmar que fazer tal coisa é errado. Ademais, observamos que, o movimento geral hoje, é de quebrar noções de valores, contradizendo a moral, pois é nisso que o homem contemporâneo tira sua diversão e se afirma.
O mais certo seria entender a tecnologia e não julgá-la. Julgando nos tornamos passivos e passíveis de auto-dominação. Diga-se por entender não só entender o que ela é, mas as formas de interação e usu-fruição da mesma.
Conectados na Internet, nós temos como suporte, a ferramenta computador. E se ao mesmo tempo que temos uma linguagem importada do mundo real (icônes, símbolos, grafias), teremos uma ou tantas outras que são o resultado da apropriação dessa linguagem primeira. Então fica pressuposto que sempre existirá um mundo real fora das tecnologias midiáticas e interativas, pois é num mundo real e físico que surgem os suporte de todas as informações disponíveis nesses meios.
Independente das relações serem fictícias, as serem pessoas virtuais, os relacionamentos virtuais, amigos de bate-papo invisíveis, são todas elas de carne e osso. Por isso que no momento que nós nos sentimos envolvidos pela tecnologia, em verdade somos nós que a envolvemos e a tornamos real. O grande problema é quando enfatizamos demais ou então mediocrizamos demais o poder desses dispositivos, é que acabamos por desconstruir sua real importância e pertinência.
É não reduzindo o pensamento e a afirmação crítica no nada que passaremos a enteder e a compreender a tecnologia. Pois, só depois de entender e aprender como se usa a ferramenta, é que passamos a usá-la realmente.